Mulheres e cidadania: uma reflexão*
Profª Drª Marinete dos Santos Silva
Professora Associada LESCE/CCH/UENF
Coordenadora do Atelier de Estudos de Gênero - ATEGEN
No dia seis de outubro de dois mil e onze, a Rádio CBN do Rio de Janeiro, que faz parte do Sistema Globo de Rádio, veiculou em seu programa “Jornal da CBN” a notícia de que três mulheres negras haviam ganho o Prêmio Nobel da Paz. Três comentaristas dessa emissora – Arthur Xexéo, Viviane Mosé e Carlos Heitor Cony – que atuam no quadro intitulado “Liberdade de Expressão”, emitiram imediatamente opinião contrária à decisão do Comitê do Nobel sob a alegação de que a divisão do Prêmio entre três mulheres havia ofuscado sua grandeza. O mais interessante é que no dia anterior havia sido divulgado o Prêmio Nobel de Medicina que igualmente contemplara três pessoas, no caso três homens – um canadense, um francês e um norte-americano. Não houve nenhum comentário sobre a perda de brilho da premiação pelo fato de ter sido dividida entre três pessoas. Disso concluímos que a divisão do Prêmio entre três homens brancos e ocidentais é perfeitamente cabível, mas que a divisão entre três mulheres negras de países não ocidentais é absurda. O que estaria por trás dessa incongruência?