terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Mulheres no BOPE

Foto: Revista Marie Claire

A pesquisadora do ATEGEN e aluna do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Estadual do Norte Fluminense UENF, Renata Souza, dá inicio ao seu trabalho de campo no Batalhão do BOPE-RJ, com objetivo de pesquisar a participação das integrantes do sexo feminino na Tropa de Elite da Polícia Militar. A pesquisa tem por objetivo fazer uma analise de gênero sobre a participação feminina em profissões que até pouco tempo eram exclusivamente masculinas, haja vista que a entrada da mulher no mercado de trabalho para desenvolver atividades tipicamente masculinas é algo recente em nossa sociedade. Segundo a pesquisadora, o estudo pretende dar visibilidade ao trabalho desenvolvido pelas mulheres que integram o BOPE, já que a presença feminina em instituições seculares brasileiras tais como a Polícia Militar e as Forças Armadas é um fenômeno recente. 

A exceção ao quadro delineado anteriormente cabe ao Estado de São Paulo, que segundo Musumeci e Soares (2005), instituiu um corpo feminino de guardas civis em 1955 e em 1970 foi criada a PMESP, que decidiu por incorporar as mulheres. No restante do Brasil a incorporação de policiais do sexo feminino só ocorreu a partir do final de 1970 e início de 1980. As mulheres incluídas nas corporações tinham como objetivo atuar de maneira diferenciada do policiamento masculino – percebido como mais repressivo e rude – principalmente em atividades ligadas ao cuidado de menores, mulheres, idosos, bêbados, trabalhos assistenciais, trabalhos burocráticos e outros considerados menos prestigiosos para serem desenvolvidos por homens. 

Tendo tal situação em tela, a pesquisa busca observar se há alguma mudança ou permanência neste paradigma observado na atuação feminina na polícia. Especialmente no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) as mulheres policiais ainda continuam a desenvolver atividades “assistenciais” e burocráticas em detrimento de outras atividades voltadas para o policiamento ostensivo, consideradas masculinas? A pesquisa busca ouvir também a opinião dos “caveiras” masculinos a respeito da participação feminina na tropa. O trabalho pretende abordar também a questão da cidadania feminina, bem como fazer um histórico da participação feminina na Polícia Militar e principalmente no BOPE.