Nossas pesquisas

Nesta página disponibilizamos resumos das pesquisas desenvolvidas pelos membros do ATEGEN sob orientação da Profa. Dra. Marinete dos Santos Silva.  Na segunda seção mais abaixo estão os resumos das pesquisas concluídas pelos membros do grupo. 
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Pesquisas em andamento


Marusa Bocafoli da Silva



Patroas e Empregadas Domésticas em Campos dos Goytacazes: uma relação delicada. (Dissertação de Mestrado em Sociologia Política)


O presente trabalho pretende examinar as relações de amizade e conflito entre patroas e empregadas domésticas na cidade de Campos dos Goytacazes, buscando analisar o discurso das patroas e das empregadas e identificar nessas relações, questões ligadas à dominação de classe, raça e gênero, visto que é muito comum o discurso de que a empregada doméstica “faz parte da família”.





Sana Gimenes Alvarenga Domingues

"Esse Corpo me pertence"?. Uma análise acerca da legalização do aborto no Brasil. (Tese de Doutoramento em Sociologia Política).

A discussão sobre a legalização do aborto no Brasil enfrenta grandes entraves legislativos, jurídicos e religiosos. Mais do que não reconhecer o aborto como um direito, o Brasil ainda tipifica tal prática como crime, prevendo apenas duas únicas hipóteses de aborto legal: o aborto terapêutico ou necessário, que é aquele realizado quando a gravidez colocar a vida da gestante em risco e o aborto sentimental ou humanitário, quando a gestação decorrer de estupro. Todavia, as pesquisas demonstram que é extremamente alto o número de mulheres que realizam o abortamento ilegal, que a maior parte dessas mulheres se considera religiosa e, ainda, que metade delas precisa recorrer ao sistema de saúde, em razão de complicações médicas. Diante de todas as contradições, polêmicas e impactos que decorrem do aborto clandestino, parece relevante, então, observar de que forma a legislação brasileira sobre o tema foi construída e como ela é aplicada. Para tanto, a presente pesquisa analisará as ações penais que tramitam na Comarca da capital do Rio de Janeiro, em que figuram como rés mulheres que praticaram aborto legal.

[Em breve mais resumos serão postados aqui]


Pesquisas concluídas



2012


Marinete dos Santos Silva

Política, poder e homofobia: o caso Eduardo Serrano no município de Macaé. (Pesquisa em desenvolvimento financiada pela FAPERJ).

O presente trabalho tem por objetivo mostrar como a homofobia pode ser utilizada com finalidade política, fornecendo motivação e ponto de apoio para que determinadas forças de oposição se aglutinassem e pudessem afastar do poder um prefeito democraticamente eleito.



Rafael França Gonçalves dos Santos

As aparências enganam? O fazer-se travesti em Campos dos Goytacazes-RJ (2010-2011) - (Dissertação de Mestrado em Sociologia Política).

A pretendeu contribuir para a compreensão da travestilidade em Campos dos Goytacazes, tendo como referencial analítico as categorias de gênero, focando o processo de construção dos corpos das travestis e a relação com os homens que acessam os serviços sexuais oferecidos. Dessa forma, para além de pensar na associação feita entre travestis e prostituição, a proposta foi pensar sobre o processo de construção da travesti que, sendo realizado no universo da prostituição, reserva inúmeras questões problematizáveis. Como resultado pode-se considerar que o fazer-se travesti em Campos dos Goytacazes é extremamente plural, o que não permite a definição de um modelo único de ser travesti. E é justamente esse fazer plural que foi explorado, afim de perceber experiências diferenciadas no processo de construção de um feminino que se pretende vivenciar. As análises foram realizadas a partir da experiência etnográficas realizada durante as visitas ao campo de pequisa (três ruas que comportam a prostituição de travestis no centro da cidade) durante o ano de 2010 e 2011, bem como, a partir das entrevistas realizadas com 16 das travestis que atuavam na rua.



Cristiane de Cássia Nogueira Batista de Abreu


A infância vitimizada: retrato da violência doméstica contra a criança em  São João da Barra - RJ. (Dissertação de Mestrado em Sociologia Política).



    A violência doméstica contra a criança é um tema atual de extrema importância, sendo considerado um problema de âmbito mundial, na medida em que ocorre em todas as camadas e classes socioeconômicas. Este tema traz em seu bojo grande complexidade, porque leva o pesquisador a imiscuir-se na esfera do privado, na instituição familiar e desmistificar a idéia sacralizada de que a família é o local de proteção aos infantes.
As estatísticas revelam que anualmente inúmeras crianças são vítimas de maus-tratos (físico ou negligência) cometidos por pessoas que gozam de sua confiança e intimidade e que supostamente deveriam delas cuidar. Tais ocorrências são ainda amplamente subnotificadas e só ganham visibilidade na mídia televisiva e jornalística os casos mais graves e os de óbito, mais difíceis de ocultar. É no silêncio dos lares que mulheres e crianças são espancadas, estupradas e mortas.
   A proposta deste trabalho é apresentar o cenário da violência doméstica contra a criança, considerando a definição do Estatuto da Criança e do Adolescente, no município de São João da Barra, RJ. Para tanto, os processos que tramitaram na 1ª Vara de Infância e Juventude daquela Comarca no ano de 2010, têm sido analisados.
A perspectiva de gênero desponta como um recurso interessante na medida em que tem-se percebido uma maior vitimização de meninas que advêm das classes sociais menos favorecidas. Há de se considerar, ainda, que quando se trata dos agressores, as mães são consideradas as responsáveis, visto que grande parte dos casos são de negligência e violência física. Tal constatação leva-nos a questionar a manutenção do papel feminino de cuidado com a prole, visto que, em geral, os pais não são responsabilizados.
    Também nos interessa averiguar como os atores do Sistema Judiciário lidam com a questão da criança vitimizada.Por isso, verificar-se-à, nos casos de perda do poder familiar, se há reintegração à família em todos os tipos de violência doméstica e se tal reintegração se faz com relação á família nuclear, á família extensa ou à família substituta.
      Apesar da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, dispor sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no art.5º - “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão aos seus direitos fundamentais”, na tentativa de fazer as crianças sujeitos de direito, percebe-se que na prática a ampliação jurídica desses direitos não representou melhorias na sua condição:elas continuam a ser vitimizadas de várias formas e sob o manto do silêncio das famílias e da sociedade.


José Henrique Mendes Crizostomo 

Silêncio e participação: uma investigação da atuação feminina na política local em Campos dos Goytacazes. (Dissertação de Mestrado em Sociologia Política)

O espaço público historicamente foi construído pelo masculino e em virtude disso ocupado e vivenciado de forma diferenciada por homens e mulheres. A circunscrição das mulheres ao âmbito privado teve sua cristalização nas mentalidades com a publicação da obra “Emílio: ou da educação” (1762) por Rousseau, onde delimitava claramente as fronteiras de atuação do masculino e feminino. O papel das mulheres deveria ser o de esposa virtuosa, dedicada e submissa, enquanto o homem, um ser agressivo por “natureza”, deveria ocupar o espaço da vida pública, da política, com suas disputas intrínsecas. A inserção do feminino no campo político ocorreu depois de séculos de lutas. Apesar da entrada da mulher na política, ainda que com uma participação inferior aos homens, persistem formas de dificultar sua inserção nesta arena. Aquelas que se aventuram na política ficam expostas a formas sutis de punição: apela-se à ridicularização, ao atentado contra a honra, à exploração das dificuldades nas disputas política. Qualquer falha passa a ser motivo de severa crítica e impiedoso escárnio. Até mesmo métodos institucionais passam a ser utilizados para dificultar a participação política feminina, um deles é o não reconhecimento das especificidades de cada sexo. O masculino ocupa lugar proeminente na política brasileira, deixando para o feminino, quando este está presente na disputa, lugares secundários. A cidade de Campos dos Goytacazes ainda mantém forte ligação seu passado rural advindo dos tempos do plantio de cana-de-açúcar. A influência rural é percebida em diversos âmbitos sociais, dentre eles à participação feminina na política local. Mulheres que atuam na política do referido município e que não se valem do apoio masculino comumente são vítimas de preconceito, ataques à honra e descrédito, dentre outras violências simbólicas. A pesquisa busca mostrar como a cultura masculina, com vivência tradicional no espaço público, age visando o afastamento ou dificultando a entrada do feminino na vida política local. Procuro abordar também como este quadro é percebido pelas mulheres inseridas na cena política campista e quais são as estratégias utilizadas por elas visando romper tal realidade.


2011

Daniela Bogado Bastos de Oliveira

Das voltas que o mundo dá: família e homoparentalidade no Brasil contemporâneo. (Tese de Doutorado em Sociologia Política).

A tese, considerando a pluralidade de entidades familiares, dá ênfase à homoparentalidade que, como uma designação de família composta por homossexuais com filhos (as), torna-se um novo paradigma de família pós-convencional que, desassociando reprodução de filiação, ressalta a socioafetividade, o que se coaduna com a emancipação sexual e a democratização familiar. No desenrolar do trabalho, a família é refletida à luz da teoria de gênero. Aborda-se homofobia, heterossexismo, interiorização da dominação simbólica, politização do privado e cidadania. Verifica-se como as repercussões da família homoparental transparecem na mídia, ajudando a colocar questões na agenda política. Relacionam-se os Projetos de Lei e as Leis pertinentes às reivindicações do movimento LGBTTT. Ao tratar da judicialização da política e das relações sociais, analisam-se as sentenças e acórdãos referentes à adoção por casal homoafetivo, salientando a judicialização de sentimentos e o reconhecimento jurídico que tais decisões têm propiciado. Demonstra-se, por fim, as vivências homoafetivas e homoparentais que evidenciam os novos sentidos e formas de compreensão da família, assim como a sentimentalização de conceitos e a funcionalização da parentalidade.

Renata de Souza Francisco

A homossexualidade situacional entre a população carcerária feminina: um breve estudo do Presídio Feminino Carlos Tinoco da Fonseca em Campos dos Goytacazes. (Monografia de graduação em Ciências Sociais)

O trabalho buscou demonstrar que os envolvimentos homossexuais entre detentas vão além do discurso do senso comum de que essas relações se estabelecem puramente pelo fato das mulheres se sentirem carentes. Por baixo das roupas masculinas estão mulheres que querem conseguir segurança e privilégios que a nossa sociedade reserva exclusivamente aos homens. Por trás dos discursos e cartas apaixonadas estão encobertos interesses materiais e simbólicos. Na verdade as relações homossexuais reproduzem a ordem de gênero e principalmente a dominação masculina. O trabalho tem como ponto central identificar quais os fatores que levam as mulheres presas a estabelecerem relações homossexuais umas com as outras quando encarceradas; também mostrar como o discurso e as práticas masculinizadas agregam valores e status entre a população carcerária feminina. Procuramos identificar quais as justificativas que as detentas dão para seus envolvimentos amorosos homossexuais, e observar possíveis manifestações de cunho lesbofóbico no sistema penitenciário de Campos dos Goytacazes.

2010

Sana Gimenes Alvarenga Domingues

Gênero, poder e política: a participação feminina no partido dos trabalhadores do Estado do Rio de Janeiro. (Dissertação de Mestrado em Sociologia Política)

O escopo deste trabalho é refletir sobre a forma como a mulher brasileira tem se inserido no, tradicionalmente masculino, universo político-partidário. Para tanto, parte-se da análise do Partido dos Trabalhadores (PT) do Estado do Rio de Janeiro, o maior partido de esquerda brasileiro, tendo em vista que tal partido possui uma ligação histórica com as bandeiras das minorias, bem como com o próprio movimento feminista. Buscou-se avaliar as dificuldades que as mulheres têm enfrentado para ingressar na vida política do país, mesmo em face de mudanças na legislação eleitoral, e mesmo no que se refere, como o Partido dos Trabalhadores. O presente estudo faz uma retomada da participação feminina na vida pública que engloba a luta pelo voto feminino, a história do movimento de mulheres e a inserção feminina no cenário político do Brasil. Traça-se, também, uma breve história do PT, dando relevo a sua ligação com os movimentos sociais. Por fim, faz-se uma análise das falas de membros desse partido, com o objetivo de verificar de que forma o PT tem atuado diante das questões de gênero.


2009

Davi de Oliveira Bellan

Casamento, gênero e poder: a comunidade cigana de Campos dos Goytacazes- RJ. (Monografia de graduação em Ciências Sociais).

O século XX foi marcado pelos movimentos de emancipação femininos que deram às mulheres o direito ao voto, à contracepção e ao trabalho remunerado, nos mesmos níveis do trabalho masculino. Entretanto, o povo cigano da comunidade de Eldorado em Campos dos Goytacazes, parece ter permanecido alheio às conquistas e transformações que a sociedade envolvente impetrou em direção a uma maior igualdade. O foco de nosso estudo é o casamento, através do qual, buscamos analisar as relações de poder e gênero dessa comunidade. Observamos na sociedade cigana, a continuidade de práticas históricas como o casamento combinado entre as famílias de adolescentes ainda impúberes, altas taxas de analfabetismo, especialmente no que diz respeito às mulheres, o que nos mostrou um tipo de permanência de relações características das sociedades antigas. Esse trabalho se propôs a entender esse tipo de permanência, suas implicações, e a natureza das relações de poder que organizam essa sociedade. Mediante visitas regularmente realizadas por 3 anos, entrevistas, e a observação de seu cotidiano, concluímos que, é a partir do casamento que se fundamentam as bases do poder na sociedade cigana: tanto nas alianças formadas entre as famílias do grupo, quanto nas relações de poder e gênero, que só se tornam completamente operantes, no momento em que os jovens se encontram casados. Pois só a partir desse momento, são inseridos na totalidade da divisão sexual do trabalho, dos espaços e do poder.

Fabio Pessanha Bila

Cidadania sob o sol de Ipanema: os gays da Farme de Amoedo e suas estratégias de afirmação. (Dissertação de Mestrado em Sociologia Política).

Nosso trabalho pretendeu demonstrar que os homossexuais freqüentadores do trecho da Praia de Ipanema em frente às ruas Farme de Amoedo e Teixeira e Mello, na cidade do Rio de Janeiro, buscam afirmar sua cidadania. Nesse local é freqüente o hasteamento da bandeira do arco-íris, símbolo do movimento homossexual no Brasil e no mundo. Nele pode-se observar também comportamentos e atitudes denunciadoras da condição homossexual desses freqüentadores. Por isso, buscamos pensar tal espaço como lócus de afirmação da identidade e da luta política homossexual, bem como identificar alguns valores (de gênero, sexo e cidadania), compartilhados pelos freqüentadores do referido espaço da Praia de Ipanema. Para isso, realizamos entrevistas e pesquisas de campo no local. Do ponto de vista teórico nos estribaremos nos textos de Daniel Welzer-Lang, Pierre Bourdieu e Elisabeth Badinter que consideram a heterossexualidade como uma construção cultural imposta aos indivíduos de ambos os sexos. Dessa forma, a sociedade androcêntrica impõe sanções àqueles ou àquelas que transgridem a ‘norma’ que determina a heterossexualidade e a dominação masculina. A homofobia é definida por Welzer-Lang como a discriminação contra as pessoas que mostram, ou a quem se atribui algumas qualidades (ou defeitos) acopladas ao outro gênero. Neste sentido, a homofobia engessa as fronteiras do gênero.

Marinete dos Santos Silva

Filho de quem? A questão da paternidade em Campos dos Goytacazes na primeira metade do século XX. ( Pesquisa financiada pela FAPERJ, desenvolvida entre 2007-2009).

Nosso trabalho pretendeu enfocar o problema da investigação de paternidade na primeira metade do século XX na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ).Para tanto foram selecionados 120 processos entre 1918 e 1960 referentes ao assunto. Essa documentação faz parte do acervo do Arquivo Público Municipal da referida cidade.Buscamos saber efetivamente quais eram as motivações que levavam os autores a impetrar uma ação de investigação de paternidade haja vista as dificuldades que enfrentariam. Que tipo de argumentação era utilizada pelos réus para não assumirem tal paternidade? Em que medida as testemunhas fornecidas pelos autores e pelos réus corroboravam ou destoavam dos valores morais atribuídos aos homens e às mulheres do período? Consideramos que a investigação histórica proposta representa uma excelente oportunidade de se observar a trajetória das relações de gênero no período. Levando-se em conta que tais relações são historicamente construídas modificando-se no tempo e no espaço, o embate travado nos tribunais entre autores e réus dos processos fornecerá, sem dúvida, elementos para que possamos perceber as possíveis mudanças e permanências de traços que compõem tais relações.

2008

Sana Gimenes Alvarenga Domingues

Gênero, educação e cidadania na visão liberal: as ideias de Rousseau e de Stuart Mill. (Monografia de Graduação em Ciências Sociais).

O objetivo deste trabalho foi analisar e comparar dois livros que colocam em relevo a forma como homens e mulheres são educados. O primeiro deles é Emílio ou Da educação, de Jean-Jacques Rousseau. Já o segundo é A Sujeição das Mulheres, de John Stuart Mills. Tendo sito escritas por autores diferentes e em momentos históricos subseqüentes, as duas obras apresentam visões diametralmente opostas no que diz respeito à condição feminina, embora ambos os autores sejam partidários do pensamento liberal. Para Rousseau, as mulheres possuiriam uma natureza peculiar, o que condicionaria o tipo de educação que elas deveriam receber. Stuart Mill, ao contrário, defendia que é a forma como as mulheres são educadas que as condicionava a ter características supostamente naturais. O estudo também aborda aspectos da biografia dos autores, na tentativa de entender a influência de suas trajetórias pessoais na elaboração de suas ideias.

2006

Maria Helena Ribeiro de Barros Barbosa

Entre a submissão e o prazer: mulheres e DST/AIDS na comunidade do Matadouro – Campos dos Goytacazes. (Dissertação de Mestrado em Políticas Sociais).

A pesquisa nasceu de uma inquietação enquanto mulher e como profissional de Serviço Social da Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF, com atuação na área de doenças sexualmente transmissíveis e AIDS desde 1999. Visa conhecer e analisar com maior profundidade como se dá a prática de vida sexual das mulheres da comunidade do Matadouro, na faixa etária de 13 a 60 anos e seu poder de negociação junto aos seus parceiros no que tange ao uso do preservativo e a percepção de risco de contraírem outras doenças sexualmente transmissíveis, especialmente o HIV/AIDS. Para tato, foi utilizada a pesquisa qualitativa, com estudo etnográfico da referida comunidade que, envolveu, além da aplicação de questionários contendo perguntas semi-estruturadas, os relatos de vida. A amostra foi de 35 mulheres e seus parceiros. Observamos que as mulheres, apesar de adquirirem informações sobre AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis, por se encontrarem submetidas a uma socialização sexista ainda vigente, se utilizam e estratégias para o uso do preservativo nas relações sexuais com seus parceiros.


2005

Carla Aparecida Lourdes dos Santos Azevedo

Mulher gosta de apanhar?: violência contra a mulher e condicionantes jurídicos. (Dissertação de Mestrado em Políticas Sociais).

A pesquisa buscou investigar a forma como os (as) conciliadores (as), que atuaram no ano de 2000 no 1º Juizado Especial Criminal de Campos dos Goytacazes, conduziram as audiências preliminares (primeira etapa do Juizado Especial Criminal) referentes ao artigo 129, caput, do Código Penal, cujas vítimas foram mulheres e os agressores, seus respectivos maridos ou companheiros.
A importância da pesquisa consistiu no fato de que a opção da vítima por renunciar na audiência, ou seja, não prosseguir com a ação contra o seu agressor, implicava em não vê-lo ser punido penalmente.
A nossa fonte de pesquisa foi constituída pelos procedimentos e processos autuados no ano de dois mil, que tinham por delito o artigo 129, caput, do Código Penal, cujas partes fossem homem (agressor) e mulher (vítima) na condição de companheiros (união estável ou casamento) e que já se encontravam arquivados na secretaria do 1º Juizado Especial Criminal. Realizamos coleta de dados nestes procedimentos e processos como o nome do (a) conciliador (a), nome das partes, endereço, profissional, descrição da violência no registro de ocorrência, etc, para que pudéssemos traçar, por exemplo, o retrato da vítima e do agressor, as formas de agressão, os motivos da agressão etc.
A partir dos dados colhidos, escolhemos aleatoriamente três mulheres e realizamos um estudo de caso, cujo critério adotado foi o seguinte: a) uma mulher que tivesse renunciado na secretaria; b) uma mulher que tivesse renunciado na audiência preliminar; c) uma mulher que não tivesse renunciado e levado a ação até o final. Utilizamos entrevistas semi-estruturadas com as mulheres e aplicamos questionário aos conciliadores.
Por fim, constatamos que a Lei 9099/95 se apresentou inadequada para processar e julgar os casos de violência física contra a mulher, tipificada pelo artigo 129, caput, do Código Penal. Situação que se agravou, uma vez que havia por parte dos (as) conciliadores (as) e das mulheres vítimas uma grande dificuldade de perceber a violência doméstica como um crime.

Marinete dos Santos Silva

Os médicos e a reprodução: neo-malthuasianismo, pensamento eugênico e contracepção entra1890 e 1930. (Pesquisa realizada entre 2002-2005).

Nosso projeto teve como objetivo mostrar que as possibilidades de interrupção da gravidez e o acesso das mulheres aos métodos contraceptivos, foram elementos de uma política de reprodução que repercutiu no destino social das mesmas utilizamos a documentação da Academia Nacional de Medicina(teses e artigos), jornais e revistas do período. 

2004

Maria do Carmo Petrucci Rangel

Aborto em Campos dos Goytacazes: o caso do Hospital dos Plantadores de Cana. (Dissertação de Mestrado em Políticas Sociais).

A pesquisa buscou analisar os reflexos sociais decorrentes do aborto em Campos dos Goytacazes, RJ. No Brasil o aborto é penalizado pelo atual Código Penal, havendo duas exceções: em casos de gravidez resultante de estupro ou em que a gestante corra risco de vida.
Utilizou-se diversas fontes de pesquisa e procedimentos metodológicos. Verificou-se a existência de processos judiciais que foram iniciados nesse período, sendo constatada a existência de apenas dois processos judiciais, os quais foram analisados. Fez-se também coleta de dados através de prontuários médicos de curetagem intra-uterina pós-aborto, como grau de instrução, profissão, bairro, etc, ocorridos no Hospital dos Plantadores de Cana, para traçar o perfil socioeconômico das pacientes atendidas pelo SUS – Sistema Único de Saúde.
A partir da tabulação dos dados contidos nos prontuários, montou-se um banco de dados que tornou possível a realização do cruzamento de algumas variáveis. Utilizou-se também entrevistas semi-estruturadas com os principais atores envolvidos na área de saúde, sendo ouvidos médicos (as), auxiliares de enfermagem, enfermeiras e pacientes.
As análises foram balizadas levando em conta as contribuições de diversos autores. Mesmo reconhecendo que muitos deles possuem formações acadêmicas e paradigmas teóricos distintos, houve um esforço para matizar a articulação dessas diferentes abordagens na interpretação do estudo de caso em pauta.
Observamos, por fim, a omissão no que toca às mulheres que sofrem aborto, assim como uma reiteração da discriminação socioeconômica, uma vez que são as mulheres de classes mais desfavorecidas as que mais sofrem quando necessitam recorrer à clandestinidade para resolver o problema de uma gravidez indesejada.

André Pizetta Altoé

A TFP em Campos dos Goytacazes: trajetória política, gênero e poder. (Monografia de Graduação em Ciências Sociais).

O trabalho realizou um estudo sobre a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), entidade formada por leigos católicos fundada em 1960 que partilha de uma ideologia de extrema-direita e que tem na luta contra o Comunismo e contra a ala mais progressista da Igreja Católica como seus principais objetivos. Demonstramos as origens do movimento, bem como expomos o arcabouço teórico e doutrinário que alimenta a ideologia do grupo e o orienta para a ação, enfocando sua participação como grupo de pressão político e religioso em Campos dos Goytacazes. Além disso, esboçamos alguns comentários sobre os motivos que levaram a uma grande dissidência no corpo de uma organização que era ideologicamente coesa e rigidamente disciplinada, levando em consideração fatores políticos, teológicos e de gênero.

1996

Marinete dos Santos Silva

A maternidade impossível :o aborto e o infanticídio no Rio de Janeiro de 1840 a 1930. (Pesquisa financiada pelo CNPq desenvolvida entre 1994-1996).

A pesquisa teve como objetivo mostrar a prática do aborto e do infanticídio no Rio de Janeiro e a sua paulatina condenação pela medicina da época concomitante à sua criminalização pela justiça. Para tanto utilizamos documentação da Academia Nacional de Medicina (teses e artigos), periódicos (jornais e revistas).

1993

Marinete dos Santos Silva

A condição feminina em Belém no período da borracha (1870/1914). (Pesquisa financiada pela Fundação Carlos Chagas e desenvolvida entre 1992-1993).

O projeto teve como objetivo mostrar a incidência da violência de gênero em Belém no período de grande crescimento da economia gomífera. Assassinatos, estupros, espancamentos tornaram-se recorrentes e com grave incidência sobre as crianças. Utilizamos a documentação de polícia do Arquivo Municipal de Belém, processos criminais, jornais e revisas do período.