Recentemente o Papa Bento XVI deu uma declaração de que o casamento gay seria uma ameça à humanidade. Nas palavras do Pontífice, as crianças deveriam crescer num ambiente familiar tradicional, composto por pai e mãe. Muitos acreditam que essa configuração de família seria a existente durante toda a história humana. Este construto social, como muitos outros, são constantemente desmistificados pelas Ciências Sociais. Esses discursos tomam formas de família que tem uma historicidade mas passam a ser vistos como perenes, ou seja, existiram e existirão sempre. Busca-se incutir nas mentes esta forma de discurso em detrimento de outros. Milhares de sociedades tinham a homossexualidade como padrão social, sendo as mais conhecidas a Grega e Romana, que influenciaram enormemente o ocidente.
Contra tais argumentos cabe desmitificar e demonstrar como a realidade se apresenta. No Brasil, segundo a PNAD de 2004, a distribuição das famílias era a seguinte: unipessoal, 9,9%; Casal sem filhos: 14,4%; Casal com filhos: 51,5%; Mulheres sem cônjuges e com filhos: 18,1%, outros tipos: 5,8%. Recalculando os percentuais apenas para aquelas famílias que têm crianças e adolescentes, pode-se ver que 25% das famílias são monoparentais e, se em 75% há um casal com filhos, isto não indica se o cônjuge da mãe é o pai das crianças. Ou seja, há um grande percentual de crianças e adolescentes vivendo em famílias cuja forma de organização não responde à idealização feita de uma família composta de pai, mãe e seus filhos em comum.
Este modelo de família que é semelhante àquela surgida no século XVIII a partir da concepção de Jean Jacques Rousseau, em seu romance pedagógico Emílio ou da Educação. Havia a necessidade de se modificar os padrões de comportamento familiar para possibilitar um crescimento populacional.
Ao longo da história várias minorias foram tomadas como responsáveis por desastres, pestes, e outros fatos, sempre sendo apontadas como ameaças. Os judeus foram o alvo muitas vezes, inclusive sendo as vítimas preferenciais da Inquisição católica. Séculos depois o novo alvo, não agora da inquisição católica mas da moralidade defendida por ela, foram as mulheres ao lutarem pela contracepção e pelo aborto. A Igreja afirmava que tais medidas colocavam a família em risco de extinção, mas passados 30 anos o apocalipse anunciado não aconteceu.
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