quarta-feira, 27 de julho de 2011

Toda mulher é obrigada a ser mãe?

                  A historiadora francesa Elisabeth Badinter lançou um novo livro intitulado “O conflito: a mulher e a mãe”, da Editora Relógio D’água. Essa autora celebrizou-se principalmente pela sua obra “Um amor conquistado: o mito do amor materno”, onde mostrou o projeto rousseauniano de domesticação da mulher através da obrigação de ser mãe e amamentar, iniciado no século XVIII. Esse projeto representou para o então nascente capitalismo a possibilidade de obter um farto exército industrial de reserva pois, incentivando a maternidade e a amamentação automaticamente haveria o aumento demográfico.



            O feminismo dos anos 60 e a contracepção vieram justamente colocar para as mulheres a possibilidade de a maternidade ser uma escolha e não uma imposição. Como conseqüência disso, elas chegaram ao mercado de trabalho e puderam ter carreiras semelhantes às dos homens. O século XXI, entretanto, nos mostra um retrocesso, provando que a história nem sempre caminha de forma linear. Um setor do feminismo apregoa, na atualidade, a “beleza” e a obrigatoriedade da maternidade, mostrando um certo retrocesso e a volta do projeto rousseauniano. Em entrevista à Revista Veja, Elisabeth Badinter mostra porque escreveu esse novo livro e quais são as desvantagens para as mulheres e seus filhos de uma maternidade obrigatória.


            Esse regresso do naturalismo para explicar a sociedade nos mostra que os velhos discursos podem ser sempre atualizados. A bio-política, de que nos fala Michele Perrot, usada durante o século XIX para explicar fenômenos sociais estaria de volta?


Profª Drª Marinete dos Santos Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário