O comercial da Hope onde uma mulher de calcinha e soutien em atitude sedutora comunica ao marido que bateu com o carro dela ou que estourou o cartão de crédito anda causando polêmica. Condenado pela Secretaria Especial de Políticas para mulheres, foi, entretanto, absolvido pelos jornalistas Arthur Xéxeo, Carlos Heitor Coni e pela "filósofa" Viviane Mosé. No programa "Jornal da CBN" transmitido de segunda a sexta-feira de 6 às 9:30h da manhã e ancorado por Milton Young, eles foram unânimes em não ver "nada demais" no citado anúncio televisivo.
Que coisa incrível! Em um país governado por uma mulher que lutou contra a ditadura militar, que sempre trabalhou e se impôs, em que 30% dos lares são chefiados por mulheres e em que a maior parte do alunado das universidades públicas e privadas é composta por mulheres, isso me parece no mínimo bizarro. Essas pessoas não poucas vezes criticara, "belas criaturas" que se aproveitavam da fortuna de incautos jogadores de futebol ou artistas de um modo geral para "subir na vida". A mulher do anúncio de lingerie pode ser qualificada como uma "oportunista", "alpinista social", que mesmo sendo jovem, bela e saudável não trabalha e esbanja os recursos amealhados pelo marido, dirigindo irresponsavelmente um carro que não lhe pertence e ocasionando acidentes de trânsito.
Parece-me que o anúncio confunde as brasileiras com aquele modelo de mulher ultrapassado ou no mínimo bastante criticável: preguiçosa, consumista e irresponsável; incapaz de se prover e de assumir seus próprios atos, comportando-se de forma imatura, utilizando a sedução como uma estratégia para não ser chamada à responsabilidade. Esses jornalistas e a "filósofa" precisam refletir um pouco mais sobre esta questão. As brasileiras já estão cansadas desse modelo que foi amplamente divulgado inclusive pela EMBRATUR a tempos atrás e que trouxe para nós o turismo sexual pelo fato de sermos consideradas sensuais, "gostosas" e facilmente compráveis.
Profª Drª Marinete dos Santos Silva
